"Desde o instante em que a arte deixa de ser o alimento para as melhores mentes,
o artista pode usar todos os truques do charlatão intelectual. Hoje em dia, a maioria
das pessoas não espera mais receber consolo ou exaltação da arte.
Os "refinados", os ricos, os ociosos profissionais, os destiladores de quintessências
buscam o que é novo, estranho, extravagante, escandaloso na arte. Eu mesmo, desde
o cubismo e além dele, contentei esses mestres e esses críticos com todas as bizarrices
mutáveis que me passaram pela cabeça.
E quanto menos eles me compreendiam, mais eles me admiravam. À força de me
divertir com todas essas brincadeiras, com todos esses quebra-cabeças, enigmas,
arabescos, eu fiquei célebre, e muito rapidamente. E a celebridade para um pintor
significa vendas, lucros , fortuna, riqueza. E hoje, como o senhor sabe, eu sou famoso,
eu sou rico.
Mas, quando estou sozinho comigo mesmo, não tenho a coragem de me considerar
um artista no sentido antigo e grande da palavra. Giotto, Tiziano, Rembrandt e Goya
foram grandes pintores: eu sou apenas um divertidor do público - um charlatão.
Compreendi o tempo em que vivi e explorei a imbecilidade, a vaidade, a avidez de
meus contemporâneos. É uma amarga confissão a minha, na verdade mais dolorosa
do que parece. Mas ela tem o mérito de ser sincera."
Giovanni Papini
( Libro Nero, 1951)
tá muito bom isso, meu velho! ando sempre curioso em relação ao que colocas aqui: vejo teu blog antes do meu!
ResponderExcluircoisa anacrônica isso...maravilha!!! eu não guento bienal e certa vez cobrindo uma edição aqui em Caxias era bem isso que sentia. no mesmo período fui entrevistar um escultor, Bez Bati, e ele me disse "essas bienais são umas merdas, mas ninguém tem coragem de dizer, me sinto sem referência", este não se degradou como este artista que, no fim das contas, não pode deixar de se confessar...fim às bienais, rsrsrsrs
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