quinta-feira, 17 de março de 2011

Un poco de Borges

                                            
                       MIS LIBROS

     Mis libros (que no saben que yo existo)
     Son tan parte de mí como este rostro
     De sienes grises y de grises ojos
     Que vanamente busco em los cristales
     Y que recorro con la mano cóncava.
     No sin alguna lógica amargura
     Pienso que las palabras esenciales
     Que me expresan están en esas hojas
     Que no saben quién soy, no en las que he escrito.
     Mejor así. Las voces de los muertos
     Me dirán para siempre.

                                     Poema do livro "La Rosa Profunda".        


     Que me perdoe Borges, mas penso que meus livros sabem que eu existo.
     Acaso não sentem a materialidade da minha mão ao procurá-los nas estantes ?
     E a ânsia nervosa ao folheá-los como quem passeia pelo corpo da amada ?
     Não se perguntam - Quem é este ? - quando vou até eles em busca de respostas
   como se interrogasse o próprio Deus ?
     E não somos da mesma família, quando através deles tenho notícias de Voltaire, Goethe, Poe,Wilde,
Dostoievski, Drummond, Bandeira e tantos outros (que bom que a família é grande) meus irmãos, que não vejo faz muito tempo ?
     E não sentam eles à minha mesa durante as refeições e deitam na minha cama à noite me pondo pra dormir ?
     Tenho aprendido tanto com eles quanto com meus pais e chorado com eles as mesmas lágrimas que já ví minha irmã derramar.
     E de mim recebem eles carinhos e cuidados como os não recebe o filho que não tenho.
     Sí, mis libros saben que yo existo e quién soy.
     Sei também que Borges já sabia disso.  

         
    
    
             

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