Soube que em Nova York
Na esquina da Rua 26 com a Broadway
Todas as noites do inverno há um homem
Que arranja abrigo noturno para os que ali não tem teto
Fazendo pedidos aos passantes.
O mundo não vai mudar com isso
As relações entre os homens não vão melhorar
A era da exploração não vai durar menos
Mas alguns homens têm um abrigo noturno
Por uma noite o vento é mantido longe deles
A neve que cairia sobre eles cai na calçada.
Não ponha de lado o livro, você que me lê.
Alguns homens têm um abrigo noturno
Por uma noite o vento é mantido longe deles
A neve que cairia sobre eles cai na calçada
Mas o mundo não vai mudar com isso
As relações emtre os homens não vão melhorar
A era da exploração não vai durar menos.
Bertolt Brecht
É interessante como Brecht consegue um efeito humanizador com a repetição dos versos.
Na terceira estrofe - após pedir para não interrompermos a leitura - é como se tivesse caminhado alguns passos em nossa direção, se aproximado e dito esses versos olhando em nossos olhos.
Mas ao mesmo tempo - e essa é a grande sacada de Brecht - ele desloca o objeto de seu pensar.
Muda o foco daqueles homens desabrigados, que por uma noite conseguem abrigo graças a uma alma
que se importa.
Agora ele fala é de nós.
Aqueles abrigados e que sentem-se seguros. Confortáveis o suficiente para poder lê-lo.
Avisa-nos que estamos seguros.
Mas apenas por esta noite.
E que se não fizermos algo, a neve e o vento certamente virão.
Para todos.
e não estamos seguros,mesmo que façamos algo... alguma esperança?...!?
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