A justiça é o pão do povo.
Às vezes bastante, às vezes pouca.
Às vezes de gosto bom, às vezes de gosto ruim.
Quando o pão é pouco, há fome.
Quando o pão é ruim, há descontentamento.
Fora com a justíça ruim !
Cozida sem amor, amassada sem saber !
A justiça sem sabor, cuja casca é cinzenta !
A justiça de ontem, que chega tarde demais !
Quando o pão é bom e bastante
O resto da refeição pode ser perdoado.
Não pode haver logo tudo em abundância
Alimentado do pão da justiça
Pode ser feito o trabalho
De que resulta a abundância.
Como é necessário o pão diário
É necessária a justiça diária.
Sim, mesmo várias vezes ao dia.
De manhã, à noite, no trabalho, no prazer.
No trabalho que é prazer.
Nos tempos duros e nos felizes.
O povo necessita do pão diário
Da justiça, bastante e saudável.
Sendo o pão da justiça tão importante
Quem, amigos, deve prepará-lo ?
Quem prepara o outro pão ?
Assim como o outro pão
Deve o pão da justiça
Ser preparado pelo povo.
Bastante, saudável, diário.
Bertolt Brecht
Perdoem-me se abuso de Brecht...
Mas Brecht é incontornável.
E como diz o Cézar Dias: necessário e bom.
P.S.: Fiquei sabendo agora (04:21 horas) do menino baleado por policiais.
Pobre povo faminto de pães.
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