tag:blogger.com,1999:blog-57919483536656467572024-03-08T08:50:00.273-03:00O Homem MedíocrePaulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.comBlogger71125tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-44408655024403769982012-06-08T18:02:00.000-03:002012-06-08T18:02:33.973-03:00Julio Cortázar Vení a dormir conmigo;<br />
no haremos el amor, el amor nos hará. Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-46719626578685273682012-05-15T01:09:00.000-03:002012-05-15T01:09:21.765-03:00Hugo Von Hoffmansthal "Para o Espírito, tudo está presente."Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-12929719402845633782012-04-30T01:15:00.002-03:002012-04-30T01:15:22.075-03:00Isto é um homem (de João J. B. Ventura)<br />
<div style="font-family: Verdana, Arial; font-size: 12px; line-height: 18px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 10px; text-align: left;">
Contrariando o pedido que lhe fora endereçado por um grupo pró-palestiano para não ir a Israel receber o <em>Jerusalem Prize</em>, o escritor japonês Haruki Murakami decidiu ir porque queria ver «com os seus próprios olhos». E foi e viu um muro alto e grande serpenteando na paisagem bíblica, dividindo, espartilhando ruas e estradas, quintais, hortas, vizinhanças, incendiando ódios na «terra prometida».<span style="font-size: 11pt; line-height: 17px;"> </span>E, então, disse que «se há um muro alto e grande e um ovo que se parte contra ele, não interessa o quão certo está o muro ou quão errado está o ovo, eu ficarei do lado do ovo. Porquê? Porque cada um de nós é um ovo, uma alma única, encerrada num ovo frágil. Cada um de nós confronta-se com um grande muro. O grande muro é o sistema. (…) Somos todos seres humanos, indivíduos, ovos frágeis».</div>
<div style="font-family: Verdana, Arial; font-size: 12px; line-height: 18px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 10px; text-align: left;">
Os palestinianos, menos que isso, diz-me Fuad, um amigo palestiniano que conheci um dia em Aman: «Em Israel, os palestinianos agora são vistos como menos que humanos». Almas quebradas contra um muro «demasiado grande, demasiado escuro, demasiado frio», erguido por israelitas com idade para se lembrarem do que significou na história enlouquecida do século XX a palavra «<em>undermenchen</em>». Foi esta expressão – <em>menos que humano</em> - que antecipou os campos de extermínio nazis, a chave que abriu as câmaras de gás para milhões de judeus e que, agora, estes, que mais do que qualquer outro povo a deviam calar, pronunciam, indiferentes ao sofrimento, à dor que infligem aos seus vizinhos.</div>
<div style="font-family: Verdana, Arial; font-size: 12px; line-height: 18px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 10px; text-align: left;">
A muralha de ódio que vai rasgando a paisagem bíblica da Palestina, contra a qual Murakami viu partirem-se os ovos frágeis dos palestinianos, é justificada por uma retórica de auto-defesa israelita; a mesma retórica que justifica os bombardeamentos indiscriminados de populações indefesas do outro lado do muro. Ou será que os israelitas acreditam que ali, todos, mulheres e crianças inclusive, se encontram armados? É que se assim não for, então, já só os pensam como <em>menos que humanos</em>. E é por aí, pela insensibilidade, que começa o extermínio. Primeiro, «um muro demasiado grande, demasiado escuro, demasiado frio». E depois, no lado de lá do muro, uma paisagem de ruínas sem fim, paredes calcinadas, sedimentos de morte e dor espalhados sobre aquele pedaço de deserto abandonado por Deus.<em> </em></div>
<div style="font-family: Verdana, Arial; font-size: 12px; line-height: 18px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 10px; text-align: left;">
Por isso, como Murakami, esquivo-me às codificações racionais de uma guerra assimétrica e envolvo-me emocionalmente no sofrimento palestiniano. Por isso, esquivo-me ao juízo sobre se o que está certo ou errado é o muro ou os ovos que se quebram contra ele. É que, conhecendo Fuad e escutando as suas palavras, umas vezes gritadas outras vezes apenas balbuciadas, só poderei dizer, evocando Primo Levi, também ele «uma alma única, encerrada num ovo frágil», <em>isto é um homem.</em></div>Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-86321275686741964582011-06-24T19:25:00.001-03:002011-06-24T19:28:42.635-03:00Um Filme "Eu não tento lembrar as coisas que acontecem nos livros.<br />
Tudo que peço de um livro é que me dê energia e coragem para dizer a mim mesmo<br />
que há vida para além da que conheço, para me lembrar de que é necessário agir."<br />
<br />
Leolo - Jean-Claude LausonPaulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-27694482349522465262011-06-23T06:14:00.003-03:002011-06-23T12:45:14.598-03:00Um Conto "Vicente" - de Miguel TorgaPaulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-64305452384079561162011-06-22T06:35:00.000-03:002011-06-22T06:35:01.620-03:00Não Basta Ser Bom... "O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim<br />
por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer"<br />
<br />
Albert EinsteinPaulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-42115882185935316082011-06-22T06:30:00.001-03:002011-06-23T23:22:59.057-03:00Elogio do Aprendiz Aprenda o mais simples! Pra aqueles<br />
Cujo hora chegou<br />
Nunca é tarde demais!<br />
Aprenda o ABC; não basta, mas<br />
Aprenda! Não desanime! <br />
Começa! É preciso saber tudo!<br />
Você tem de assumir o comando!<br />
<br />
Aprenda, homem do asilo!<br />
Aprenda, homem na prisão!<br />
Aprenda, mulher na cozinha!<br />
Aprenda, ancião!<br />
Você tem que assumir o comando!<br />
Frequente a escola, você que não tem casa!<br />
Adquira conhecimento, você que sente frio!<br />
Você que tem fome, agarra o livro: é uma arma.<br />
Você tem que assumir o comando.<br />
<br />
Não se envergonhe de perguntar, camarada!<br />
Não se deixe convencer<br />
Veja com seus olhos!<br />
O que não sabe por conta própria<br />
Não sabe.<br />
Verifique a conta<br />
É você que vai pagar.<br />
Põe o dedo sobre cada item<br />
Pergunte: O que é isso?<br />
Você tem que assumir o comando.<br />
<br />
Bertolt BrechtPaulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-58328790768203739282011-06-20T22:27:00.000-03:002011-06-20T22:27:33.783-03:00Pierre-Joseph Proudhon "Quem quer que seja que ponha as mãos sobre mim, para me governar, é um tirano.<br />
Eu o declaro meu inimigo".Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-43207894461272736002011-06-19T05:55:00.024-03:002011-06-23T23:37:57.715-03:00gratia Domini nostri Iesu Christi cum omnibus Caminho pela avenida Bento Gonçalves, em Porto Alegre.<br />
A certa altura uma academia de ginástica e uma igreja.<br />
Lado a lado.<br />
Não posso deixar de perceber a ironia .<br />
Dois comércios.<br />
Duas catedrais. <br />
Numa você pode comprar o corpo perfeito e noutra vende-se, simplesmente, o próprio Deus.<br />
E me pergunto: se Jesus se encontrasse em frente aos dois templos, em qual deles <br />
entraria?<br />
A pergunta é relevante já que se trata de duas das maiores religiões de nosso tempo,<br />
perdendo em número de fiéis apenas para o Consumo - nosso deus último - do qual,<br />
de uma maneira ou de outra, somos todos adeptos.<br />
Mas o interessante é que as duas prometem a mesma coisa.<br />
Vida eterna.<br />
Em um caso a juventude e noutro a salvação da alma.<br />
Nossos novos falsos deuses.<br />
Mas penso mesmo é nas crianças - informes de compreensão ainda - que são<br />
levadas pelos pais.<br />
Então constato que Abraão continua tentanto sacrificar o próprio filho.<br />
O bom disso tudo é que há um manicômio em frente.<br />
E talvez Jesus escolha dar as costas a esses bezerros de ouro, atravessar a rua,<br />
entrar e abraçar esses irmãos esquecidos - por Deus e por todos - que no fundo são<br />
a verdadeira humanidade:<br />
Desamparada, frágil, louca e que rasga dinheiro por saber o seu valor. <br />
Ah, tem também um bar em frente.<br />
Mas nesse quem entra sou eu, pois é minha vez de rezar.<br />
(Certas coisas na vida só com um trago). <br />
E também porque creio que Jesus prefira companhia melhor.Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-17934899204337482812011-06-11T03:27:00.000-03:002011-06-11T03:27:31.679-03:00Oriente. Mas não só. "No fundo, uma revolta é a linguagem dos que não foram ouvidos."<br />
<br />
Martin Luther KingPaulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-613924098282677012011-06-11T03:20:00.010-03:002011-06-15T03:23:39.972-03:00João Cabral de Melo Neto Tem esse poema do João: "Tecendo a Manhã". <br />
Esta manhã é o futuro. Ele convida a nos unirmos para que o possamos inventar.<br />
Mas, poeta que é, nos dá a deixa: não o contruiremos com a tecnologia, com o dinheiro. <br />
Nós o contruiremos com as nossas vozes.<br />
Vozes essas que precisam, primeiro, serem ouvidas. Por isso um galo "apanha" o grito de outro.<br />
É necessário este movimento lateral para que haja o entendimento. O futuro não está a tua frente.<br />
Está ao teu lado. Este o gesto essencial para que funcione: <br />
Ir ao teu semelhante. Ouví-lo. <br />
Só assim compreenderemos realmente o que diz e poderemos passar adiante a mensagem,<br />
formando essa "tenda", que nada mais é do que um lar onde todos se reconheçam.<br />
Um lar que se vai erguendo pelo contato, pelo convívio, pelo calor do outro.<br />
Que se forma pelo que é ouvido. Não pelo que é dito.<br />
Sem paredes, que é para que caibam todos.<br />
Ele tem razão.<br />
O mundo não é nossa casa, mas nossa tenda.<br />
Uma casa tem limites. De capacidade, de deslocamento, de posse.<br />
Uma casa tem trancas, que nos transformam em "os de dentro" e "os de fora".<br />
Uma tenda está sempre aberta. É sempre um abrigo. Para quantos.<br />
Talvez os nômades sejam mais sábios. <br />
<br />
<br />
Tecendo a Manhã<br />
<br />
Um galo sozinho não tece uma manhã:<br />
ele precisará sempre de outros galos.<br />
De um que apanhe esse grito que ele<br />
e o lance a outro; de um outro galo<br />
que apanhe o grito que um galo antes<br />
e o lance a outro; e de outros galos<br />
que com muitos outros galos se cruzem<br />
os fios de sol de seus gritos de galo,<br />
para que a manhã, desde uma teia tênue,<br />
se vá tecendo, entre todos os galos.<br />
<br />
E se encorpando em tela, entre todos,<br />
se erguendo tenda, onde entrem todos,<br />
se entretendendo para todos, no toldo<br />
(a manhã) que plana livre de armação.<br />
A manhã, toldo de um tecido aéreo<br />
que, tecido, se eleva por si: luz balão.<br />
<br />
João Cabral de Melo Neto<br />
Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-23573847860188049802011-06-10T23:21:00.003-03:002011-06-11T02:00:58.855-03:0012 de Junho <br />
Émile Verhaeren.<br />
Do seu livro: As Horas Claras.<br />
<br />
Disseste aquela noite palavras tão bonitas<br />
Que sem dúvida as flores suspensas sobre nós<br />
Nos amaram também e uma, entre muitas,<br />
Nos caiu no colo pra tocar os dois.<br />
<br />
Falavas do futuro, quando os anos vividos<br />
Como frutos maduros se deixariam colher;<br />
E como quebraríamos o espelho dos destinos<br />
E como, ao envelhecer, nos amaríamos.<br />
<br />
Tua voz me enlaçava como um abraço querido<br />
E teu coração ardia tão tranqüilamente belo<br />
Que nesse instante eu teria visto sem receio se abrirem<br />
Os tortuosos caminhos que nos levam à morte.Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-29505771444239475552011-06-05T17:45:00.000-03:002011-06-05T17:45:22.251-03:00Uma Frase O homem de letras é o inimigo do mundo.<br />
<br />
Charles BaudelairePaulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-20411630729187689652011-05-30T03:29:00.015-03:002011-05-30T09:07:19.830-03:00O Porquê Deste Blog ou Para Que Servem As Palavras Assisti um filme de terror uma vez, em que ocorre um blecaute num cinema.<br />
Ao retornar a luz, a maioria das pessoas da sessão haviam desaparecido.<br />
Os sobreviventes pouco sabem, a princípio, o porquê daquilo.<br />
Mas percebem que o fenômeno se deu no mundo todo.<br />
Começam a entender que há uma escuridão, que cada vez avança mais e mais.<br />
O sol, a cada dia que passa, surge mais tarde e a noite se prolonga.<br />
Essa escuridão tem por finalidade encurralá-los e, por fim, devorá-los.<br />
Começam a perceber também, que a única coisa que os pode salvar é alguma luz que, por<br />
ventura, consigam manter acessa.<br />
Um a um, são tragados pelas sombras, enquanto correm desesperados atrás de lanternas<br />
e postes de luz, faróis de carros e baterias portáteis.<br />
E dessa maneira que sinto.<br />
Essa luz é tua humanidade.<br />
E essa sombra é a barbárie se aproximando.<br />
Tua vida vale menos que teus pertences e é facilmente tirada por causa de uma discussão.<br />
Essa pequena e preciosa luz, que levamos milênios para criar desde que nos arrastamos<br />
das obscuras cavernas da nossa animalidade, está desaparecendo.<br />
Sendo engolida pela ignorância, pela indiferença e pela esperteza daqueles que já perderam<br />
a sua chama.<br />
E mesmo aqueles que estão no mundo apenas pela festa, quando esta acaba - se não estão<br />
bêbados o suficiente - sentem o perigo a rondá-los, mesmo em seus carros.<br />
Por isso entram assustados para dentro de seus condomínios.<br />
Esperando alí estarem a salvo. <br />
Esquecem eles que castelos já foram postos abaixo.<br />
Enfim: este blog sou eu, correndo com uma lanterna na mão e cuja pilha está enfraquecendo.<br />
Mas, como os personagens do meu filme, continuarei correndo até a escuridão me engolir.<br />
Talvez encontre mais luzes pela frente e consiga espantar as sombras.<br />
Você tem pilhas?Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-58622786288158092262011-05-30T02:19:00.000-03:002011-05-30T02:19:01.825-03:00Alberto da Cunha Melo Parece-me que este poema fala da televisão brasileira, não?<br />
<br />
SCRIPT<br />
<br />
Fecha A Tempestade de Shakespeare;<br />
depois, rasga O Tufão de Conrad.<br />
Náufragos podem perguntar <br />
- Porque a símile da dor,<br />
a verdadeira já não basta?<br />
<br />
- Por que a símile da dor,<br />
a verdadeira já não basta?<br />
Como se não bastasse, criamos,<br />
com as fezes da última peste,<br />
deuses, cada vez mais cruéis.<br />
<br />
com as fezes da última peste,<br />
deuses, cada vez mais cruéis.<br />
Mas os castigos e os horrores<br />
viriam de qualquer maneira:<br />
"já estava escrito" - por nós -.<br />
<br />
viriam de qualquer maneira:<br />
"já estava escrito" - por nós -.<br />
Também criamos pastorais ,<br />
paraísos e fontes limpas<br />
para os que dormiam mais cedo,<br />
<br />
paraísos e fontes limpas<br />
para os que dormiam mais cedo,<br />
e não se encontravam de noite.<br />
Mas só o horror nos fascinava<br />
e, por isso estamos aqui<br />
<br />
Mas só o horror nos fascinava<br />
e, por isso, estamos aqui<br />
de novo: - Para que inventar<br />
a Sodoma que já existe<br />
mais populosa, aos nossos pés?<br />
<br />
a Sodoma que já existe<br />
mais populosa, aos nossos pés?<br />
Um dia temos de escolher<br />
entre a dor que já padecemos<br />
e a que tentamos inventar. <br />
<br />
entre a dor que já padecemos<br />
e a que tentamos inventar.<br />
Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-43796272083148487462011-05-30T02:07:00.000-03:002011-05-30T02:07:05.267-03:00Billie Por mais triste que soe, quando ouço Billie Holliday, parece que tudo ficará bem.Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-13139087915006114042011-05-30T01:38:00.000-03:002011-05-30T01:38:19.507-03:00Uma Rádio BBC 2 - Categoria Jazz and Blues Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-80879625848504524922011-05-30T01:28:00.000-03:002011-05-30T01:28:25.406-03:00Música Boa <br />
Mercy - Duffy<br />
Rolling in the Deep - AdelePaulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-39607775443766866262011-05-22T22:08:00.000-03:002011-05-22T22:08:46.891-03:00Jacques Prévert PÁGINA DE ESCRITA <br />
<br />
Dois e dois quatro<br />
quatro e quatro oito<br />
oito e oito dezesseis...<br />
Repitam! diz o mestre<br />
dois e dois quatro<br />
quatro e quatro oito<br />
oito e oito dezesseis.<br />
Mas eis o pássaro lira<br />
que passa no céu<br />
o menino o vê<br />
o menino o ouve<br />
o menino o chama<br />
Salva-me<br />
brinca comigo<br />
pássaro!<br />
Então o pássaro desce<br />
e brinca com o menino<br />
Dois e dois quatro...<br />
Repitam! diz o mestre<br />
e o menino brinca<br />
o pássaro brinca com ele...<br />
Quatro e quatro oito<br />
oito e oito dezesseis<br />
e dezesseis e dezesseis quanto é?<br />
Não é nada dezesseis e dezesseis<br />
e sobretudo não trinta e dois<br />
de qualquer modo<br />
e eles se vão.<br />
E o menino esconde o pássaro<br />
na sua classe<br />
e todos os meninos<br />
ouvem sua canção<br />
e todos os meninos<br />
ouvem a música<br />
e oito e oito por sua vez se vão<br />
e quatro e quatro e dois e dois<br />
por sua vez se retiram<br />
e um e um não fazem nem um nem dois<br />
um a um se vão igualmente.<br />
E o pásssaro lira brinca<br />
e o menino canta<br />
e o professor grita:<br />
Quando terminarão com esta palhaçada!<br />
Mas todos os outros meninos<br />
escutam a música<br />
e os muros da aula<br />
se desmoronam tranqüilamente.<br />
E as vidraças voltam a ser areia<br />
a tinta volta a ser água<br />
as classes voltam a ser árvores<br />
o giz volta a ser rocha<br />
a pena volta a ser pásssaro. Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-39030313108962277722011-05-19T15:57:00.000-03:002011-05-19T15:57:49.139-03:00Um Filme "Segunda-feira ao Sol" - de Fernando Léon de AranoaPaulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-1267247972446855672011-05-19T15:42:00.000-03:002011-05-19T15:42:27.413-03:00Pôr o pensamento a pensar "Caídos na imanência dos dias que correm, acomodamo-nos aos lugares fixos, somos<br />
cada vez mais espectadores indiferentes, contempladores insensíveis de um mundo sem<br />
remissão, de onde a política, contra todas as aparências, parece ter desertado. O primado<br />
da economia sobre tudo o resto é uma consequência do niilismo moderno que aprisionou<br />
os homens no labirinto do mercado. O torvelinho da técnica, irmã da economia, tudo arrasta<br />
no seu vórtice, originando novas patologias de posição, desenraizadas, transitórias, etéreas.<br />
A política há muito que deixou de ser um caminho para a paz e a plenitude para se transformar<br />
numa estratégia guerreira de ascensão ao poder. O ambiente enlouqueceu perante a obscena<br />
indiferença do mundo. "Que fazer quando tudo arde?", como pergunta António Lobo Antunes <br />
num romance homônimo. Talvez "pôr o pensamento a pensar", desenhando mapas e<br />
contra-mapas do porvir do mundo.Talvez, sermos heterodoxos."<br />
<br />
<br />
João Ventura<br />
(O leitor sem Qualidades)Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-7202204102923769422011-05-19T15:19:00.001-03:002011-05-19T15:21:08.805-03:00Duas Frases "Ando a cantar o mal-estar profundo dos seres humanos, dos animais e das plantas,<br />
ando à procura de um final feliz. Ando a ver se o fulgor que, por vezes, há nas coisas,<br />
é melhor guia do que as crenças sobre elas, ou dos pensamentos que, a propósito delas,<br />
nos ocorrem".<br />
<br />
Maria Gabriela Llansol<br />
(Lisboaleipzig 2)<br />
<br />
<br />
"A serenidade e a justeza das coisas evidentes: pão, água, o convívio com as plantas e<br />
os animais, alguma luz mesmo de noite, alguma noite no corpo da própria luz. E o amor<br />
como partilha do mais difícil".<br />
<br />
Eduardo Prado Coelho<br />
(Público)Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-84271831724513805102011-05-18T18:35:00.000-03:002011-05-18T18:35:09.423-03:00Um Poema <br />
Na Morte de Ezequiel Martínez Estrada<br />
<br />
Se o universo fosse limitado em suas combinações,<br />
Caberia alguma esperança. Mas não há nenhuma.<br />
Por isso lhe dou esta espécie de adeus,<br />
Lhe assegurando que no rio dos meus acasos,<br />
E nos de muitos como eu,<br />
Há um que foi você.<br />
E é esta a única imortalidade possível:<br />
Que eu já não possa ser como era<br />
Antes de o ter conhecido e querido muito.<br />
Tudo não é mais do que um sopro:<br />
Você, eu, o universo, mas<br />
Já que existiu gente como você,<br />
É provável, bastante provável,<br />
Que tudo isto tenha algum sentido.<br />
Por enquanto já sei: não baixar a cabeça.<br />
Obrigado, e adeus.<br />
<br />
Roberto Fernández Retamar<br />
(Só Poema Bom - Paulo Hecher Filho)Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-57729104665997819062011-05-09T12:48:00.001-03:002011-05-09T12:51:46.573-03:00O Velho "Buck" SPLASH<br />
<br />
a ilusão é pensar que você está apenas<br />
lendo este poema.<br />
a realidade é que isto é<br />
mais que um<br />
poema.<br />
isto é a faca do mendigo.<br />
isto é uma tulipa.<br />
isto é um soldado marchando<br />
sobre Madri.<br />
isto é você no seu<br />
leito de morte.<br />
isto é Li Po rindo<br />
lá embaixo.<br />
isto não é a porra<br />
de um poema.<br />
isto é um cavalo adormecido.<br />
uma borboleta em<br />
seu cérebro.<br />
isto é o circo<br />
do diabo.<br />
você não está lendo isto<br />
numa página.<br />
a página é que está lendo<br />
você.<br />
sacou?<br />
é como uma cobra.<br />
é uma águia faminta<br />
rondando o quarto.<br />
<br />
isto não é um poema.<br />
poemas são um tédio,<br />
eles te fazem dormir.<br />
<br />
essas palavras te arrastam<br />
para uma nova<br />
loucura.<br />
<br />
você foi abençoado,<br />
você foi atirado<br />
num<br />
lugar que cega<br />
de tanta luz.<br />
<br />
o elefante sonha<br />
com você<br />
agora.<br />
a curva do espaço<br />
se curva e ri.<br />
<br />
você já pode morrer agora.<br />
você já pode morrer do jeito<br />
que as pessoas deveriam<br />
morrer:<br />
esplêndidas,<br />
vitoriosas,<br />
ouvindo música,<br />
rugindo,<br />
rugindo,<br />
rugindo.<br />
<br />
Charles Bukowski<br />
(Revista Coyote) <br />
Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5791948353665646757.post-61831730011335727012011-05-09T12:45:00.001-03:002011-05-09T12:46:24.968-03:00Um Conto Relí ontem o conto "O Pedestre" de Ray Bradbury.<br />
Eis um trecho:<br />
<br />
- Negócio, ou profissão?<br />
- Acho que me pode chamar de escritor.<br />
- Sem profissão - disse o carro de polícia, como se falando sozinho. A luz mantinha-o<br />
transfixado como um espécime de museu, agulha espetada no meio do peito.<br />
- Pode-se dizer que sim - afirmou o sr. Mead. Havia anos que não escrevia. Não se<br />
vendiam mais livros e revistas. Tudo continuava como sempre nas casas-tumbas, à noite,<br />
ele pensou. Os túmulos, mal-iluminados pela luz da televisão, onde as pessoas sentavam-se<br />
como os mortos, as luzes cinzentas ou multicoloridas tocando suas faces, mas nunca de<br />
fato tocando a eles.Paulo de Quadroshttp://www.blogger.com/profile/10660205382704919049noreply@blogger.com1